The Resurected
1991 / EUA / 108 min / Direção: Dan O’Bannon / Roteiro: Brent V. Friedman (baseado na obra de H.P. Lovecraft) / Produção: Mark Borde, Kenneth Raich; Shayne Sawyer (Coprodutor); Tom Bradshaw, Tony Scotti (Produtores Executivos) / Elenco: John Terry, Jane Sibbett, Chris Sarandon, Robert Romanus, Laurie Briscoe, Ken Camroux
Taí mais uma das poucas e boas adaptações de uma obra de H.P. Lovecraft, vulgo, O Rei do Indizível, para as telas. Também mais um daqueles sopros raros de boas produções de terror dos anos 90 é esse O Filho das Trevas (que também foi batizado no Brasil como “Renascido das Trevas”).
Já falei aqui e não vou repetir da dificuldade de transpor o texto do escritor para as telas (ops, repeti…), então toda vez que a coisa sai certa, mesmo com seus tropecinhos habituais, é louvável. E o responsável da vez por essa competência foi um nome que tem poucos trabalhos no gênero, mas muito competentes: Dan O’Bannon.
O’Bannon despontou escrevendo o roteiro de Alien, O Oitavo Passageiro, dirigido pelo Ridley Scott, então coloque na sua conta SÓ ter inventando a criatura xenomorfa alienígena. Como diretor, acrescente o clássico dos clássicos oitentista A Volta dos Mortos-Vivos (miooooooolos). Aqui em O Filho das Trevas ele repete o 100% de aproveitamento. Isso sem contar que escreveu Dark Star de John Carpenter, e Força Sinistra e Invasores de Marte de Tobe Hooper (esses aí num merecem muito crédito, não), entre outros. E ah, o ótimo Os Mortos Vivos também.
Pois bem, o longa é baseado na famosa história de Lovecraft, “O Caso de Charles Dexter Ward”, e dentro de sua licença poética, funciona bem atualizando (pros anos 90, quer dizer) o conto e se atendo aos principais detalhes do texto, que por sinal, já influenciara anteriormente O Castelo Assombrado, dirigido por Roger Corman e com Vincent Price no elenco (tendo feito parte do famoso Ciclo Poe do diretor nos anos 60, só que muito mais Lovecraft que Poe, diga-se de passagem).
Claire (Jane Sibbett) é esposa de Charles Dexter Ward (Chris Sarandon, o vampiro bonitão de A Hora do Espanto) que procura pelo detetive particular John March (John Terry) para que ele descubra o que seu maridão anda fazendo isolado em uma cabana afastada, que pertence a sua família há séculos. Um estranho fedor anda incomodando os vizinhos e chamando a atenção das autoridades locais, ainda mais quando se descobre que para lá andam sendo entregues restos humanos para alguma experiência macabra, uma vez que Ward é engenheiro químico.
Fuçando nos pertences de Ward, March e Claire descobrem um antigo diário datado de 1771, pertence a um de seus antepassados, o nefasto Joseph Curwen, que possui a aparência idêntica a dele (ou seja, também é interpretado por Sarandon, cuja atuação está muito boa), e em suas páginas reportavam assassinatos, roubo de cadáveres, alquimia e demais experimentos nada naturais e ortodoxos conduzidos no subterrâneo de sua antiga casa.
Aí vem o porquê de Lovecraft ser considerado o Rei do Indizível, o porquê de suas adaptações para as telonas sempre correrem risco e o porquê O’Bannon se saiu muito bem. Ward tenta imitar as façanhas alquímicas, cabalísticas, magias-negras e whatever do seu ascendente, por meio de uma poção estranha e reanimar Curwen por meio de seus restos mortais muito bem guardados durante os tempos. Mas não é só isso não, ele também tem feito experiências com partes descartadas de corpos (as recebidas por ele e causadoras do mau cheiro), que vem dando origem a criaturas amorfas que ficam presas no calabouço abaixo da casa. E o filme consegue retratar esses experimentos de forma muito positiva. É pegar o que já havia dado certo nos filmes de Brian Yuzna, por exemplo, e subir um degrauzinho na escala evolutiva, muito bem desenvolvido pela equipe da Todd Masters Company.
ALERTA DE SPOILER. Pule para o próximo parágrafo ou leia por sua conta e risco. A incursão no universo fantástico do autor fica por conta do fato de que sim, a experiência para a “ressurreição” de Joseph Curwen dá certo, mas como ele era fisicamente idêntico a Charles Dexter Ward, o sujeito infame mata o descendente e toma seu lugar. E junto com à volta a vida, vem uma fome secular de se alimentar de carne e sangue humano. March descobre toda e engendrada trama, e o conflito final se dará com os restos mortais putrefatos de Ward, reanimados pelo elixir encontrado pelo detetive, que o colocará em um embate contra Curwen, dentro do quarto de hospício onde o farsante estava preso.
O Filho das Trevas tem lá suas derrapadas, principalmente em sua conclusão, porque até então a construção é muito bem executada por O’Bannon, mas vale muito a pena, principalmente para os fãs de Lovecrat, como eu, que são geralmente judiados nos cinemas. filme envelheceu, e os efeitos especiais são datados, mas para quem gosta do gênero e os saudosistas, é altamente recomendado.
Serviço de utilidade pública:
O DVD de O Filho das Trevas está atualmente fora de catálogo.
Download: Torrent + legenda aqui.
1001 • 1990 • alquimia • canibalismo • charles dexter ward • chris sarandon • dan o'bannon • elixir • experimentos • gore • h.p. lovecraft • joseph curwen • ressurreição • sobrenatural
3 Comentários
Vou baixar. Não lembro de ter assistido a esse filme. A propósito, Marcos, você já deve ter ouvido falar que o Guillermo Del Toro quer adaptar “Nas Montanhas da Loucura” do Lovecraft, né? Tá ansioso por esse projeto? Eu particularmente gosto dos filmes do Del Toro. Ele disse que a ideia era fazer duas versões. Uma pro cinema, com cortes, pra poder pegar uma censura mais baixa, e a outra uma versão “hardcore” pros fãs de Lovecraft. O problema é que ele engavetou o projeto por causa do Prometheus do Riddley Scott, por ter temas semelhantes. E nem o Del Toro sabe se vai retomar o projeto.
TOMARA que ele retome o projeto. Del Toro é foda com monstros e “ocultismo”. E eu como grande fã de Lovecraft também, adoraria ver Cthulhu vivo no cinema! I’a I’a ry’gzengrho, I’a Cthulhu Fhtagn!!!!
Eu assisti este filme há quase 18 anos atrás. Não consigo no YouTube legendado.Tu poderia postar?